carta aberta
Um dos meus maiores motores ao ser analista é minha análise pessoal.
Viver do que é subjetivo, das minúcias do discurso, pra espremer o que tem ali que é do sujeito, qua aponta de sua posição e de suas marcas... Para fazer isso, penso eu, preciso também estar atenta ao meu funcionamento, minhas próprias posições e significações. Ou seja, fazer análise. Quando olho pra minha trajetória em análise e percebo meu discurso, vejo em pequenos detalhes as mudanças de posição, os deslizamentos da minha narrativa. Ver ponto de interrogação no que por anos achava existir ponto final, ou fazer outras tantas pontuações. Acredito mais no espaço que crio com meus pacientes sabendo que também construí um com a minha análise. Perceber a potência de dar a chance para a palavra. De contar e recontar algo que vivenciei, adentrar um caminho de mata fechada, que por muito tempo vi por uma mesma perspectiva, insistentemente... poder notar que consigo abrir novos caminhos. Que meus pacientes podem, se assim quiserem. E o mais bonito, pra mim, é que isso tudo é feito de forma íntegra e gradual, sem promessa ou receita. Confiando no ato de fazer análise, de buscar por palavras.